sexta-feira, 9 de maio de 2008

EDITORA GLOBO


COLEÇÃO POR QUE LER
VÁRIOS AUTORES
Nova coleção mantém viva a presença dos maiores nomes da literatura nacional e mundial
(como Shakespeare, Dante, Borges, Bandeira e Oswald)
A COLEÇÃO
Os grandes clássicos da literatura têm algo de paradoxal na sua condição de clássicos: de tão conhecidos, passam eventualmente a ser... desconhecidos. Não esquecidos, naturalmente, mas ignorados, no sentido de serem muito mais citados do que lidos. Os motivos são vários, e têm a ver tanto com certa obrigatoriedade curricular quanto com sua distância histórica, passando pelo simples fato de que se lê menos do que se deveria, de modo geral. Tudo isso mais do que justifica as coleções que, de tempos em tempos, cumprem o papel de se voltar para os grandes nomes da literatura de modo a (re)apresentá-los ao grande público. Se mais não fosse, porque cada nova geração de leitores deve empreender sua própria (re)leitura dos clássicos. Além disso, para os que já os co nhecem, é sempre um prazer revisitá-los, como a um velho amigo. A nova coleção da Editora Globo, Por que ler, tem esse escopo e esse perfil. Trata-se de livros breves, com menos de 200 páginas, que apresentam, cada um, a vida e a obra de um grande nome da literatura, tanto universal quanto brasileira, escritos por renomados especialistas brasileiros contemporâneos que, em muitos casos, são também escritores – afinal, o público-alvo não são outros especialistas mas, ao contrário, o público em geral e os amantes da melhor literatura em particular. Os primeiros lançamentos da coleção são Por que ler Shakespeare, de Bárbara Heliodora, Por que ler Dante, de Eduardo Sterzi, e Por que ler Borges, de Ana Cecilia Olmos. Ainda para este ano, estão programados Por que ler Bandeira, de Júlio Castañon Guimarães, e Por que ler Oswald, de Maria Augusta Fonseca.A resposta dada pelos livros da coleção Por que ler à pergunta que lhe serve de título não é, naturalmente, direta: não se trata, então, de dizer que se deve ler Shakespeare por isso e por aquilo, ou Dante por esse ou aquele motivo, ou Borges por tal e tal fato. A resposta, portanto, está nos próprios escritores abordados. Assim, se por um lado os livros da coleção seguem, grosso modo, a clássica divisão vida e obra de maneira sintética (buscando, em ambas, aquilo que Pound chamou de “pontos luminosos”), por outro lado, a ampliam. A ampliação fica por conta da divisão em cinco partes de cada livro: “Um retrato do artista” (síntese biográfica), “Cronologia”, “Ensaio de leitura” (comentários sobre a obra), “Entre a spas” (reprodução de importantes passagens da obra) e “Estante” (com as principais obras do e sobre o autor abordado).
OS LANÇAMENTOS
Por que ler Shakespeare é de autoria da mais renomada especialista brasileira no “bardo de Stratford”, Bárbara Heliodora. Outro motivo por que ler este livro é a existência de uma lenda persistente sobre o fato de a existência de Shakespeare ter sido uma lenda... Daí a autora refutá-la – seguindo outros especialistas renomados – em sua síntese biográfica (“Um retrato do artista”), apoiada no “Ensaio de leitura”, que se inicia com a descrição (incluindo ilustrações) do teatro elisabetano, de cuja consolidação Shakespeare participou como autor e “homem de teatro”.Por que ler Dante, de Eduardo Sterzi começa in medias res, como se diz em teoria literária, isto é, no meio da ação. Ação, aqui, vai no sentido literal, pois se trata da travessia de um pântano a cavalo por um embaixador, em meio a uma guerra envolvendo várias potências. O embaixador, que se chama Dante Alighieri, morrerá no decurso (e em função) da viagem, provavelmente de malária. Partindo do seu fim, o livro traçará então a biografia de Dante juntamente com a recepção de sua obra, cuja vida autônoma começa na morte do autor. Para, então, debruçar-se diretamente sobre ela (incluindo a bibliografia comentada da seção “Estante”). Uma síntese envolvente de um dos nomes mais fundamentais da história da litera tura.Por que ler Borges é uma questão que não tem sua melhor resposta na vida do escritor argentino – pois ele não teve exatamente uma existência cheia de acontecimentos. Porque a passou, de fato, em meio à escuridão da cegueira e ao silêncio das bibliotecas. Daí a exuberância, não compensatória, mas proporcional (mesmo se inversamente), de sua obra. Dizer que ela é labiríntica é repetir um clichê. Talvez valha a pena, então, ressaltar outros de seus múltiplos aspectos: a clareza da construção das frases, a brevidade, o humor, a mistura de erudição e fantasia, de poesia antiga e literatura policial – que criam, em suma, o nome mais fantástico da literatura hispano-americana moderna.
TRECHOS
No neoclassicismo imperavam as unidades clássicas e os pequenos teatros italianos de corte, com espaço para poucos atores; Shakespeare — com suas peças que cobrem anos, têm locais variados e até dezenas de personagens — passou então por ignorante literário e criminoso contra as boas maneiras, já que escrevia sobre toda espécie de gente e classes, com vocabulário condizente. Passaram-se três séculos e meio até a forma elizabetana de palco ser redescoberta e a sua dramaturgia realmente compreendida. (Por que ler Shakespeare)O ano é 1321. O embaixador de Ravena — depois de mais de um mês de missão diplomática em Veneza, da qual resultaria a paz entre as duas cidades — está retornando para a corte de Guido Novello da Polenta. Não se desloca por mar, mas por terra, atravessando os pantanosos e insalubres arredores de Comacchio. Segundo especula o cronista Filippo Villani, a viagem marítima teria sido proibida pelos venezianos, por temerem que o embaixador, com seu inigualável poder retórico, convencesse o almirante a colocar a frota sob o domínio de Ravena. Em alguma hora indeterminada da noite de 13 para 14 de setembro, o embaixador morre, provavelmente acometido de malária. [...] Conseguira, porém, nos meses anteriores, concluir o monumental poema — cem cantos, totalizando 14.233 versos — que eternizaria seu nome. O embaixador chamava -se Dante (corruptela de Durante, seu nome de pia) Alighieri. (Por que ler Dante)Em Um ensaio autobiográfico, Jorge Luis Borges relata que, por volta de 1909, quando tinha entre nove e dez anos de idade, fez uma viagem à região que fica a noroeste de Buenos Aires.Tratava-se, explica o autor, de seu primeiro contato direto com o Pampa, aquele mundo rústico e indômito, descoberto previamente na leitura dos romances gauchescos de Eduardo Gutiérrez. Essa lembrança, um retalho da memória de sua infância, dá lugar a uma singela, porém muito significativa, reflexão do escritor: “Sempre cheguei às coisas depois de encontrá-las nos livros”. (Por que ler Borges)
OS AUTORES
Bárbara Heliodora (Heliodora Carneiro de Mendonça, Rio de Janeiro, RJ, 1923) é professora, ensaísta, tradutora e crítica de teatro, autoridade reconhecida na obra de Shakespeare. É professora emérita e titular aposentada da UFRJ. Autora, entre outros, de A expressão dramática do homem político em Shakespeare (RJ, Paz e Terra, 1978), O teatro barroco (RJ, Museu Nacional de Belas Artes, 1982) e Falando de Shakespeare (SP, Perspectiva, 1997). Escreve atualmente crítica de teatro em O Globo. Recebeu do Ministério da Cultura da França a Ordre des Arts et des Lettres, e da Academia Brasileira de Letras a Medalha João Ribeiro, além de inúmeros prêmios de tradução. Eduardo Sterzi (Porto Alegre, RS, 1973), é poeta, ensaísta e tradutor. Doutor em teoria literária pela Unicamp, escreveu trabalhos acadêmicos sobre Murilo Mendes e sobre a origem da lírica moderna em Dante Alighieri. Ainda como ensaísta, organizou Do Céu do Futuro: Cinco Ensaios sobre Augusto de Campos (Marco Editora, 2006). Fundou, com o poeta Tarso de Melo, a revista de poesia Cacto, que circulou entre 2002 e 2004.Ana Cecilia Olmos, graduada em letras modernas pela Universidad Nacional de Córdoba, Argentina, é professora de literatura hispano-americana da USP, especialista em literatura e cultura hispano-americana do século XX. É autora, entre outros, de "Intelectuales, instituciones, tradiciones" (Javier Lasarte [org.], Territorios Intelectuales. Pensamiento y cultura en América Latina, Caracas, La nave va, 2001) e de "Releituras de Borges. A revista Punto de Vista nos anos 80" (Jorge Schwartz [org.], Borges no Brasil, São Paulo, Edunesp, 2001).
Fichas técnicas:
Título: Por que ler Shakespeare
Autora: Barbara Heliodora
Número de páginas: 96
Preço: R$18,00
Título: Por que ler Dante
Autor: Eduardo Sterzi
Número de páginas: 176
Preço: R$ 21,00
Título: Por que ler Borges
Autora: Ana Cecilia Olmos
Número de páginas: 120
Preço: R$19
Informações:
Verônica Papoula e Julie Krauniski
E-mail: imprensaglobolivros@edglobo.com.br
Telefones: (11) 3767-7819 / (11) 3767-7863
Editora Globo Av. Jaguaré, 1485 05346-902 São Paulo Brasil www.globolivros.com.br

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