sexta-feira, 20 de maio de 2011

ADRIANA MANARELLI


O Espírito da fúria
(Adriana Manarelli)


A face sem identidade,
O punhal sem corte
O espelho sem reflexo
A mão sem palavra...
Em verdade, direi:
É tudo o que resta
O opaco da palha
E a brasa intocada.

A eterna procura
Quando alma e corpo se apartam
E cornos (des)mistificam
À lívida dama que se descorpora
E o sol da meia-noite é obscuro
Como Rosebud ainda no sotão.

Sombra caleidoscópica
E o dilúvio escarlate.
Mesmo o diadema de papoulas
Agora é pai da inutilidade.
Quando Mágico Vento se derrama,
O atormentado espectro selvagem
Emerge do submundo:
Wopi — O coração do Sim —
Tessitura tênue
Do ventre de chumbo.
tela: j. pollock

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